Existem dezenas de ferramentas, metodologias e sistemas para auxílio na análise ergonômica como OWAS, RULA, Moore e Garg, OCRA (Occupacional Repetitive Action Checlist), o software 3DSSP e etc. É preciso inicialmente conhecer a demanda e ter profundo conhecimento, além de bom senso, para saber qual utilizar. Listamos abaixo, algumas delas.

Movimentos repetitivos e risco de lesões

Segundo Dr. Hudson Couto,com relação a repetição de movimentos das mãos frisando que, é sempre necessário considerar a taxa de ocupação real. (veja demais partes do corpo e movimentos aqui).

Ação técnica normal

Repetição do mesmo movimento menos que 1.000 vezes por turno; ou ciclos >= 30 segundos.

Improvável, mas possível

Repetição do mesmo movimento de 1.000 a 3.000 vezes por turno, com rodízio eficiente ou pausas.

Situações de desconforto, dificuldade e fadiga

Repetição do mesmo movimento de 1.000 a 3.000 vezes por turno.

Risco

1 – Repetição do mesmo movimento de 1.000 a 3.000 vezes por turno, com força ou desvio postural;

2 – Repetição do mesmo movimento entre 3.000 e 9.000 vezes por turno; ou ciclos entre 3 e 9 segundos.

Alto risco

1 – Repetição do mesmo movimento mais que 3.000 vezes por turno, exercendo força ou em desvio postural;

2 – Repetição do mesmo movimento mais que 9.000 vezes por turno; ou ciclos < 3 segundos

Limites de pesos

O que dizem as leis sobre a questão do levantamento de peso no ambiente de trabalho?

Artigo 198 da CLT (2005), Brasil, In: CARRION, 2005:

“[…] É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher {…}

Parágrafo único. Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem que sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças[…]”

NR 17:

17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.

[…]

17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer sua saúde e segurança….”.

ATENÇÃO: É um grande equívoco a afirmação de que o limite de levantamento peso permitido é de 23 Kg. Como podem notar na fórmula da NIOSH abaixo, esse valor é apenas uma constante da fórmula que, associada a outros fatores como condições de pega, distância do solo, altura de levantamento, rotação de tronco e etc, torna o cálculo um valor maior ou menor do que 23 Kg.

Equação NIOSH

A fórmula inicial era limitada e foi criada em 1981. Essa primeira versão utilizava uma altura vertical de 75 cm do chão, uma distância horizontal de 15 cm desde o ponto médio entre os joelhos e uma constante de peso de 40 Kg. Então, em 1991, foi revisada, teve alguns de seus valores alterados e outras variáveis acrescentadas. A nova fórmula passou a utilizar um valor horizontal standard de 25cm (in Garg e Badger 1986) mas manteve sua altura vertical de 75 cm devido a um estudo realizado na época (in Ruhmann e Schimdtke, 1989). A constante de peso passou a ser de 23 Kg, referindo-se ao peso máximo recomendável para a elevação de cargas na posição standard, ou seja, em condições ótimas (posição sagital, pequena frequência de elevação, boa pega, distância vertical percorrida menor ou igual a 25 cm e etc), sendo baseada em dados psicofísicos e biomecânicos. Em 1991, o comitê de estudos estimou que elevar uma carga de 23 kg (em condições ótimas), seria aceitável para 75% das mulheres e 90% dos homens. Estimou também que esse peso, nessas condições resultaria numa compressão discal menor que 3,4 KN. Com essas mudanças, a equação passou a permitir um maior âmbito de aplicação e a contemplar tarefas de elevação não simétricas, aplicável em condições diversas de pega dos objetos, maiores amplitudes na duração do trabalho e a frequência das elevações.

Critérios da Equação NIOSH: epidemiológicos, biomecânicos, fisiológicos e psicológicos.

Algumas condições devem ser obedecidas para aplicar corretamente a equação de NIOSH:

Elevação feita com suavidade

Condições térmicas e visuais favoráveis

Boas condições mecânicas

Piso plano, sem obstruções, boa aderência ao calçado.

E, em outros casos, a equação não é aplicável:

Posturas

Não aplicável em tarefas de elevação com uma só mão, na posição de sentado(a) ou agachado(a), ou ainda elevações em espaços confinados que obriguem a posturas desfavoráveis.

Objetos

Não aplicável a elevação de pessoas, de objetos muito quentes ou frios, sujos ou contaminados.

Coeficiente de Fricção

Não aplicável caso a superfície de contato do calçado com o solo tenha coeficiente de fricção estática abaixo de 0,4 (Ideal: 0.5).

Premissa

Assume que as tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico potencial para causar lesões lombares,

Imprevistos

Não aplicável caso existam circunstâncias imprevistas.

Elevações rápidas

Não aplicável a tarefas que impliquem elevações rápidas de objetos (>15 elev/min).

Ambiente desfavorável

Não aplicável se a temperatura ou umidade relativa forem inferiores aos intervalos 19º a 26ºC e 35% a 50%.

Chegou a hora de conhecermos a Equação de NIOSHI:

LPR = Cc * FDH * FAV * FDVP * FRLT * FFL * FQPC

Cc – Constante de carga  (23 Kg);

FHD – Fator distância horizontal do indivíduo : 25/H;

FAV – Fator altura vertical da carga: I – (0,003x[Vc-75]};

FFL – Fator frequência de levantamento (Tabela A);

FDVP – Fator distância vertical percorrida da origem ao destino: (0,82 + 4,5/Dc);

FRLT – Fator rotação lateral do tronco: I – (0,0032 A);

FQPC – Fator qualidade da pega (Tabela B).

LPR = Limite de Peso Recomendado

LPR = 23*(25/H) * 1-(0,003*[Vc-75]) * (0,82+4,5Dc) * 1-(0,0032A) * (tabA) * (tabB)

Tabela A

Tabela B

Opinião do Dr. Sergio Carvalho e Silva :

Frente aos diversos fatores de inaplicabilidade, é uma ótima fórmula para uso em ambientes de estudos focados e preparados para atender os requisitos necessários. Estes fatores a torna inviável para avaliação nos mais diferentes ambientes e não recomendada para análises ergonômicas, Perícias Judicias,etc.

Clínica del Lavoro

Clique na imagem para baixar em PDF.

Wishas – Washington State – Departamento de trabalho e indústrias

Calculadora para operações de levantamento de peso. Fácil de utilizar apesar de estar em inglês. Note que o campo de peso está em libras, portanto é necessário fazer a conversão para Kg. Clique na imagem para acessar.

Dr. Hudson Couto

Diversas ferramentas e checklists:

Livro da O.I.T. – traduzido pela Fundacentro.

Boas dicas e ideias:

Outros links (inglês)

WorkSafeBC – calculadora online

Analysis Tools for Ergonomists – diversas ferramentas;

Ergonomics tools evaluation – diversas ferramentas ergonômicas. Vale a pena dar uma olhada;

3D SSP – Michigan – Software fenomenal, cálculo de forças nos seguimentos do corpo – em 3 dimensões

FIOSH I – Auxilia na decisão sobre puxar ou empurrar carrinho e paletes.Muito interessante, desenvolvido em PDF.

FIOSH II – Avaliação do limite de pesos.Muito interessante, desenvolvido em PDF.